terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Um matuto in Netherlands!

Hey! O blog ainda existe, mesmo sem eu ter tido vida extra faculdade nas últimas semanas por conta das entregas de Natal, hoje eu tiro a poeira! Bom, dando continuidade a sequencia cronológica da coisa: depois do meu break depressivo (necessário) do último post, vamos voltar a falar de coisas boas!

Depois de uns meses iniciais intensos (inclusive no que diz respeito às viagens), lá estava eu evitando olhar as passagens baratas da Ryanair para não cair na tentação e sair mundo à fora (como vinha acontecendo), pois eu precisava me organizar financeiramente e também voltar a dedicar meu tempo livre ao próprio Porto (que oferece muita coisa a fazer - sempre). PORÉM, eu ia ter uma semana folga na faculdade, já que eles dedicam esse período à avaliação dos trabalhos de mestrado e coisas do gênero, paralisando as atividades da graduação. Então eu me permiti olhar as passagens para Holanda uma semana antes de ir e encontrei uns preços muito bons, somados  ao fato de eu ter grandes amigos estudando lá e de querer muito vê-los, daí não podia dar outra: comprei, fechei hostel e planejei passar por 4 cidades.

Vamos lá!

1º dia - a chegada e um pouco de Amsterdam!

Fui em uma quarta-feira em um voo bem cedo da manhã (Porto-Eindhoven, já que era o único destino que nossa amiga Ryanair oferecia para Holanda), aproveitando a ocasião eu pretendia dar uma passada no centro de lá para conhecer algo e também no estádio do PSV, mas Eindhoven é uma dessas cidades novas que não tem um centro histórico bonitinho ou coisas do tipo e o clima (chuvoso) não estava muito propício para eu fazer passeios a pé por lá, então me apressei para ir na estação e comprar meu bilhete direto á Amsterdam Central Station! Aliás, o sistema de integração das linhas férreas é um coisas exemplar! Tenho a impressão que todas as cidades de lá tem um estação e que você pode chegar a qualquer parte do país de trem. Enfim, comprei meu bilhete, peguei o trem e cheguei em Amsterdam no final da tarde.

Tenho dois pontos a destacar nesse primeiro momento:

1 – É muito comum que as pessoas que venham passear pela Europa se restrinjam ao óbvio (por quererem conhecer o maior número de países diferentes), mas quem tiver a oportunidade de pegar um trem e ir para as cidades “secundárias”, vendo as paisagens e conhecendo MESMO o país, o faça, acho que uma pessoa que só foi a Amsterdam não conhece a Holanda como deveria, por exemplo, pois ela, como outros países reservam coisas incríveis para mostrar fora do que seria o óbvio. Eu AMEI passar por aquele campos, ver as fazendas, as vacas holandesas, os moinhos, as outras cidades que passei, sempre erguendo as torres das suas catedrais até a névoa que baixa do céu, foi uma experiência linda e que eu recomendo.

2 – Não foi uma experiência bonita, mas deve ser relatada: eu perdi meu iPod, não sei bem se eu perdi mesmo ou se fui furtado, pois quando desci na estação vi que era algo MUITO movimentado e foi quando eu me dei conta que meu bolso estava vazio. Eu não cheguei a registrar B.O. ou coisa do tipo, mas depois voltei no Achados e Perdidos de lá na esperança de encontrar, mas fiquei apenas na vontade.

Dando continuidade: sai da estação e fiquei DESLUMBRADO aquela pequena amostra da cidade, com prédios históricos tão diferentes, com umas cores tão peculiares, meio avermelhados, tão detalhados, sob um céu bem cinzento que não chegou a me incomodar, muito pelo contrário, tomei como algo tão bonito quanto o resto da paisagem. Voltando a vida real eu me dei conta que T. O. D. O. S. os dados do hostel estavam no iPod, então lá estava eu no meio de Amsterdam tendo que me virar com meu inglês (já que não sei nada de holandês) e dar um jeito de chegar até lá mesmo sem saber onde ficava e qualquer outra informação. Força! Eu sabia de duas coisas: que eu deveria pegar os TRAM (uma espécie de bonde) 1, 2 ou 5 e que a estação tinha o nome parecido com Led Zepplin (isso mesmo, hahaha!). Então subi no TRAM e fui pedir ajuda ao trocador falando algo como “Eu pretendo chegar a uma parada chamada Led... Led... Ledze..” foi quando um raio de esperança surgiu nas suas palavras  “LEDZEMPLEIN!” e eu retruquei dizendo “ISSO! :~D”. Daí só desci, pedi ajuda a uns holandeses para me guiarem por aquelas áreas até encontrar o hostel, não foi tão complicado assim! Devidamente instalado, saí no final da tarde e fui caminhar pela cidade até anoitecer e minhas penas cansarem.

Amsterdam Central Station!

2º dia - Amsterdam e amizades!

Acordei com a missão de conhecer muita coisa pela manhã/tarde e de encontrar minha amiga Fêr no final do dia, já que ela viria da sua cidade Zwolle para me ver (uêba!), conforme havíamos combinado! Então andei, andei, andei... Entrei em uns dois espaços de exposição abertos... Fui no Parque Vondel, em outros espaços verdes menores, em praças... Acho que passei por todas aquelas ruas dos canais (haha), sempre fotografando... Acho que Amsterdam é um tipo de cidade-monumento, é como se estar lá já fosse o suficiente, você não tem uma grande referência como a Torre Eiffel de Paris ou o Big Bang de Londres, o cartão postal da cidade são as próprias ruas, com todos aqueles canais e com aquela arquitetura tão peculiar, em todas as ruas é bom de estar, de passar... Enfim, depois de muito andar fui encontrar com a Fêr e foi MARAVILHOSO vê-la, pois é uma grande amiga e uma pessoa por quem eu tenho um carinho imenso! Só Deus sabe o quanto é bom encontrar grandes amigos por essas terras depois de tanto manter relações “superficiais”. Ela veio junto com uma amiga brasileira que está na mesma cidade, a Helô, de Natal (amo encontrar nordestinos)!
Ambas ficaram no mesmo hostel que eu e de lá fomos curtir a noite de Amstedam! Antes de sentar em qualquer bar ou ir em qualquer boate, preciso dizer que fomos ver o quão surreal é ir nas Red Ligths (aquela rua que tem as p*tas nas vitrines), torno a dizer: surreal! Sem mais! No fim da noite surge o nosso amigo-da-noite, que está morando em Devender e também foi me ver em Amsterdam, Bruno Ramos! A farra foi trash, mas foi boa! Sem mais 2! :D






3º Outro pouco de Amsterdam e "Haia, aí vamos nós"!

Eu e a Fêr fomos passear mais e mais por Amsterdam, conversar, por os papos em dia e coisas do tipo! A Helô teve que sair para encontrar um amigo brasileiro que estava por lá. Ainda no terceiro dia nós fomos para Haia, a cidade que nossa amiga Lana está morando! Então depois do nosso resto de dia na capital, partimos para cidade real holandesa! Lá nos acomodamos no quarto da Lana e aproveitamos a noite em um bar bem divertido, com música animada e com nossa empolgação de estar juntos.


4º Um dia de Rotterdam e outra noite de Haia!

Como a Lana estava cheia de trabalhos, ela não pôde ir com a gente à Rotterdam, que é bem próxima de Haia! Então acordamos cedo, pegamos o trem e fomos bater lá, eu e a Fêr. Eu já tinha certa impressão de Rotterdam, baseada em não sei exatamente o quê, talvez tivesse visto algumas imagens em um passado mais distante, não sei bem, mas foi bom chegar lá e sentir a atmosfera que eu esperava na parte antiga da cidade (nos únicos 10% que a merda da Alemanha não destruiu na segunda grande guerra - fiquei com esse sentimento de raiva/indignação depois que eu soube), essa parte tem um tom meio amarronzado muito bonito e o outono tornou a paisagem mais bela ainda. Já a parte nova, é realmente NOVA e, por muito, chocante, já que eles experimentam arquitetura contemporânea das mais variadas formas. Inclusive fomos ao NAI (algo como Instituto de Arquitetura da Holanda), que além de ser um prédio diferente, tem muitas coisas legais para oferecer (até mesmo uma exposição do nosso arquiteto tupiniquim João Filgueras Lima, o Lelé). Eu pude ver outras coisas legais como a ponte Erasmus que, como reza a lenda, é a primeira ponte talhada do mundo e o parque da Euromast. No fim do dia voltamos para Haia, para a companhia da Lana pra curtir outra noite, passeando pelo centro da cidade e, depois, sentando e tomando umas cervejas!






5ª O restinho de Haia e a volta!

A missão do dia era acordar cedo e turistar em Haia, então tivemos que, praticamente, operar um milagre, já que eu tinha voo com hora marcada de volta para o Porto no mesmo dia (saindo de Eindhoven). Então levantamos, comemos e corremos para o centro (agora os 3), lá vimos o Parlamento de Haia, fomos ao museu do Escher e também vivenciamos um pouco da cidade sem tanta pressa. Daí fomos ver o mar ainda, nesse dia o sol resolveu sair e coroar a minha viagem nas últimas horas dela, deixando a praia com cara de praia, apesar de eu não ter arriscado por os pés na água que devia estar mais do que gelada. Depois do roteiro básico de Haia, que também é uma cidade linda, voltamos para pegar as coisas em casa e partir para Eindhoven, já que as meninas aproveitaram minha partida para verem um evento que ia ter lá (de alguma coisa que não lembro muito bem)! Tudo ocorreu em paz, peguei o avião a tempo e voltei para minha casa: o Porto.





Toda viagem tem muito a acrescentar e com a Holanda não é diferente, já que é um país incrível e apaixonante, mas se tornou algo mais bonito/especial ainda por eu ter encontrado amigos tão próximos que fazem tanta falta no meu dia-a-dia. Eu poderia até me prolongar em dizer coisas boas, mas acho que um FOI INCRÍVEL está de bom tamanho! <3


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Quase dois meses.

Errr.. Acho que posso começar dizendo que tudo já não são flores como no primeiro mês. Isso é até engraçado, pois pra maioria das pessoas que passam por essa mesma experiência, de ficar um tempo fora, é comum que sintam o baque da adaptação logo nos primeiras semanas. Comigo foi justamente o contrário. Acho que no primeiro mês eu tava deslumbrado com a cidade, com a situação nova, quase me comportando como um turista que veio passar longas férias na Europa (o que deve ser maravilhoso). Hoje, não menos deslumbrado, eu curto de uma forma menos prazerosa a cidade, afinal, alguém precisa dar conta das coisas da faculdade, que, por sinal, tem elevado o nível de cobrança quase aos céus. Na verdade, as disciplinas complementares ao Projecto 4 estão indo muito bem, mas é o nosso amiguinho citado que tira muito a minha paciência por alguns motivos técnicos, digamos. Já que estou tendo que projetar um edifício de um programa pouco comum no Brasil (um Centro de Documentação) em outro país, com outro clima, com outro comportamento de luz e ventilação, em uma cidade que tem mais de mil anos de existência, com outra legislação, com outra cultura e com um monte de outras coisas além. Aí, alguém vem e me diz: "Eltinho, isso é um aprendizado, aproveite essa oportunidade". Então eu respondo que é exatamente isso que eu tenho feito, mas que nenhum aprendizado custa barato, especialmente os de AGORA.

Resumindo um pouco meu post típico de um nativo de câncer: acho que comecei a sentir o peso da  rotina, além de dar conta de uns probleminhas básicos que sempre aparecem, aqui não seria diferente em relação a esses "poréns" cotidianos, mas justamente é diferente por não ter ninguém por mim e por, muitas vezes, eu me sentir um pouco só.

No mais, a cidade continua linda, ou até está mais linda do que quando eu cheguei. Pois é outono e ela está preenchida com tons amarelados, amarronzados e avermelhados, além de soprar um vento mais frio, mas que não chega a incomodar, muito pelo contrário. Acho que essas mudanças se refletiram um pouco em mim, talvez eu tenha mudado seguindo a lógica das estações. Pois eu cheguei do eterno calor de Fortaleza, no calor de verão do Porto com uma certa estabilidade, mas o outono veio e, com ele, veio também minha fase de transição/adaptação (mais do que normal). Algumas coisas eu posso destacar nessa fase de transição, como a minha mudança de lar, como a ida da minha principal referência do Porto, a minha amiga Maísa (de Fortaleza), para Matosinhos (bem mais distante de mim) e o retorno do meu melhor amigo (o Matteo) da FAUP pra Itália, por questões de saúde.

Aos amigos, não se preocupem se eu, por vezes, pareci no fundo do poço sem chance alguma de escapar (hahaha!), pois é natural do meu ser reclamar&reclamar, colocando sempre uma dose de drama nas minhas estimadas reclamações. O post tem mesmo essa razão um pouco mais negativa, mas o meu objetivo é ir relatando minhas experiências, não só as boas e maravilhosas (como as viagens dos sonhos).

Outono!
Vou até encerrar com uns versos de uma das músicas mais bonitas que o Caetano fez pro repertório da irmã dele, a Maria Bethânia: "Rosa do Viver" do disco Alteza, de 1980.

"Desfolhar a rosa do viver
Sem temer a ponta dos espinhos
E oferecer a vida nas canções de amor
Lágrimas na luz do refletor

A minha vida é um romance glorioso
Escrito com as tintas da paixão
Cada verso meu, cada canção
É amor, é amor

A cada folha desse livro original
Fica mais rico o enredo
Tudo o que eu canto é real
Esse o meu segredo

[...]"

Em uma das minhas andanças pelo Porto.
Escutem e se sintam um pouco aliviados  pois comigo sempre funciona. Então, nos vemos na próxima! Bom fim de semana a todos!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Um matuto no Marrocos!


É entre um trabalho e outro que eu venho aqui falar um pouco de uma das experiências mais incríveis dessa minha “jornada” e, muito provavelmente, até da minha vida.

Começando pelo começo, vou falar um pouco das possibilidades de você pegar um voo da Europa e ir bater lá no norte da África, nesse caso, no Marrocos, afinal, não é todo mundo sabe que existe certa facilidade de pegar um avião aqui e chegar lá. Então, como eu expliquei no post de Barcelona a questão das companhias Low Cost, não vou ser repetitivo, vou apenas dizer que a Ryanair tem voos para Marrakesh partindo de várias cidades da Europa, no caso de Porto não tem (ou, pelo menos, não tem mais, pois a lenda diz que já houve essa ponte aéra), porém, tem de uma cidade portuguesa chama Faro que fica lá na região sul (Algarve), onde a Ryanair opera também. No nosso caso, não fomos por Faro, mas por Madrid. Usei o plural, porque, na verdade, eu fiz essa viagem com outros 16 brasileiros. Aliás, as meninas que tomaram a frente da “organização” foram muito competentes no quesito comprar passagens baratos em datas convenientes e reservar um hostel bom/bonito/barato pra todo mundo.

Então, não fomos todos os 17 no mesmo voo para Madrid, fui eu e outros 4 amigos. Sendo que já havia uma galera lá. Falando um pouco do nosso curto tempo em Madrid: chegamos lá quase no fim da tarde e ficamos até o outro dia de manhã, pois o voo era meio dia. Daí pegamos o metro de lá do aeroporto, fomos ao Centro da cidade, encontramos o pessoal que já tinha chegado, demos uma volta, comemos, alguns beberam e depois voltamos para o aeroporto para dormir no chão desconfortável e frio (muito frio) de lá. Não foi uma experiência legal, mas foi muito válida (sei lá porque, mas agora já posso dizer que dormi no chão de um aeroporto, isso deve ter algum status, haha). Enfim, no outro dia comemos qualquer porcaria barata no e embarcamos para Marrakesh! Falando um pouco da volta logo, foi BEM mais tranquila, pois esperamos pouco no aeroporto e foi tudo mais tranquilo.

Atenção: Como eu sou um cara extremamente didático e gosto que os seguidores do meu blog entendam bem o que eu quero passar, vou fazer o mesmo esqueminha de tópicos do post passado.

A chegada e o primeiro dia!

A parte boa do avião da Ryanair é que não tem esse negócio de marcar cadeira antes, é que nem o ônibus da Brasileiro de Pentecoste pra Fortaleza, sabe? Quem chegar primeiro é que tem o mando e senta onde quer. Então, como quem não quer nada, em todo viagem eu dou um jeito de ir na janela pra ir olhando tudo lá de cima. Nessa não foi diferente, pois a minha curiosidade já começava em ver a África lá do alto. Eu vi e, quando não tinha nuvem na frente, era basicamente deserto o que se via.
Vamos lá! Acho que o meu primeiro choque de realidade foi na aterrissagem, quando fomos descendo e eu vi de perto uma cidade inteira em tom de barro. O aeroporto era simples e a imigração foi tranquila (eu não sei como funciona para quem não tem visto europeu), lá dentro mesmo havia uma casa de câmbio, então todo mundo comprou os seus Dirham (10 Dirham = 1 Euro, aproximadamente). De lá, pegamos um ônibus e fomos direto à Jemaa el-Fna (a praça mais importante da cidade, ao que me parece) que fica dentro da Medina, que, para quem não sabe, é a cidade antiga, que fica contida nas muralhas e tem aquele labirinto todo, aqueles becos intermináveis e muitas (MUITAS) pessoas passando o tempo todo. O nosso hostel ficava perto de lá, só precisávamos entrar em alguns becos à direita e à esquerda e logo chegávamos (confesso que demorei um certo tempo até aprender o caminho). O prédio do hostel em si era muito engraçado, pois ficava em um beco que tinha menos de 1,5m de largura e pela porta do nosso D’maour Hostel eu tinha que passar um pouco agachado, pois eu com meus 1,74m não passava normalmente pois ela era um pouco pequena (acho que tudo na Medina funciona assim, meio tortuoso, meio feito às pressas, meio fora dos padrões), mas quando cheguei lá dentro pude ver com os meus próprios olhos um daqueles pátios que quase todos eles devem ter em suas residências (os que tem o mínimo de condições), que, na minha leitura, é uma maneira de eles escaparem do caos todo que existe lá fora, o espaço não era uma coisa como a da casa do tio da Jade, mas era bem agradável, eu curti muito (e recomendo a quem for, se hospedar lá – no esquema de quem é estudante/aventureiro claro).
Devidamente instalados, os 17 se dividiram eu não sei por onde, mas sei que eu e alguns outros fomos nos perder pela Medina. Foi a única coisa que conhecemos no primeiro dia (pelo menos o grupo que estava comigo), andamos feito uns loucos e vimos DE PERTO a cultura deles com tudo a que tínhamos direito: desde a  maioria das mulheres de burca (inclusive algumas com os olhos tapados) até alguns encantadores de najas tocando a flauta no meio da praça, tudo isso tem um cheiro/odor (não identifiquei bem) muito característico que nós apelidamos de “cheiro de Medina”, que parece uma mistura do cheiro pessoal deles junto à algum tempero que não sei bem qual é (isso mesmo que você leu). Confesso que, mesmo me interessando muito pela cultura deles, mesmo achando tudo aquilo meio que um sonho, eu fiquei um pouco chocado, um pouco assustado, acho que pela maneira que aquele CAOS ORGANIZADO funciona. É menino, é mulher, é cobra, é macaco, é cabra, é carneiro, é grito, é poeira na cara, é moto (em alta velocidade), é bicicleta, é gente pedindo esmola, é gente vendendo coisa cheia de mosca em cima, é cheiro de Medina, é vendedor falando francês, inglês, espanhol, italiano, é tudo isso em 10 minutos que você passa lá (eu passei umas 3 horas, dapi vocês tiram). De algo eu fiquei certo: ver no Globo Repórter é uma coisa, viver aquilo na real é outra coisa BEM diferente. Enfim, voltei pro hostel um pouco aliviado de poder descansar um pouco na paz naquele pátio e voltei também me indagando a respeito de algumas questões existenciais (o que é natural depois de tanta informação, haha).





Segundo dia!

Bem, nesse dia fomos para o outro lado, vimos uma Medina menos conturbada, saímos dela, visitamos uns palácios incríveis, umas ruínas de palácios também (neles haviam umas salas com exposição de artefatos antigos deles), outras praças, a Mesquita da Kutabia (a principal da cidade, que não tínhamos acesso, pois só os muçulmanos e homens podem entrar) andamos, andamos e andamos. Fomos, inclusive, ao palácio do atual Rei e lá o policial veio chamar minha atenção porque eu tirei foto do edifício, acreditam? Pois é, as coisas ficaram piores quando eu fui sentar lá por perto e ele veio reclamar comigo também. Na nossa conversa eu o mandei pra “p*** que pariu!” e ficou tudo resolvido (acho que não, em! haha). Resumindo, lá (nos jardins, próximo ao Palácio Real) você só tem ir direto e mal olhar para o lado e dizem, ainda, que quando o Rei está lá, essa área toda fica fechada e inacessível.






Terceiro e quarto dias no deserto do Saara!

Algumas empresas de passeios de lá trabalham em convênio com hotéis e hostels oferecendo os passeios e tal. Então, ainda nos dois primeiros dias conversamos com o tio lá e fechamos dois passeios, um para o deserto do Saara (dois dias) e outro para as cachoeiras que ficam no meio da Cordilheira de Atlas (um dia - depois de muita pechincha fechamos os dois por um preço muito bom).
Acordamos muito cedo no terceiro dia para pegar a estrada sem saber muito bem o que nos esperava pela frente, apenas sabíamos que o destino era o deserto e que, talvez, andaríamos de camelo (mesmo tendo certeza que andaríamos, na minha cabeça era algo meio louco ainda andar de camelo no Saara, meio surreal, por isso essa contradição). Enfim, acho que nem o mais otimista de nós achava que iria encontrar tão belas paisagens (e tão diferentes) em uma só viagem de carro (na verdade van/topic). É difícil descrever o que vimos em ~VÁRIAS~ horas de estrada, com algumas paradas para fotos, passando por tanta coisa legal e nova, pois atravessamos a Cordilheira de Atlas inteira e isso nos custou atravessar mais da metade do país (no sentido transversal), então a gente viu muita coisa da natureza local (montanhas com pico de neve, cachoeiras,  abismos, formações rochosas, deserto) e muitas cidadezinhas do interior (todas em tom de barro sempre com uma construção de mais destaque), daquelas que dá vontade de parar lá, conversar com o pessoal e passar um tempinho só observando. Aliás, foi o que eu fiz nas oportunidades que eu parei (conversei com alguns nativos e eles me disseram que esses prédios geralmente são dos chefes dessas “vilas” e que realmente é muito difícil uma mulher do interior não usar burca, questão essa que eu havia osbservado). Para vocês terem noção, fomos de Marrakesh à Zagora (vou postar um mapa). Chegando lá (depois de passar pela cidade), fomos para uma parte onde o deserto já começava a se mostrar de fato. Lá estavam todos nossos camelos, o que precisávamos fazer era, cada um escolher o seu, colocar as bagagens nas costas deles e ir embora (sendo puxado pelos carinhas de lá, claro).
Essa parte do passeio foi muito desconfortável (fiquei assado mesmo, vou logo dizendo), mas foi uma experiência única, não há do que reclamar. Além do mais pegamos o fim de tarde, todo mundo andando de camelo, naquela paisagem sensacional, com o por do sol no horizonte, a lua já aparecendo, enfim, aquele momento já valeu a viagem toda. Depois de mais de uma hora de camelo, chegamos ao meio do nada, onde só havia umas barraquinhas (muito bonitas e aconchegantes), nós, os carinhas dos camelos e outros gringos que compraram o passeio também (por outro meio). Eu preciso destacar que quando o sol já tinha ido por completo eu pude ver o céu mais estrelado e bonito de todos os tempos (nem lá no interior do interior, na casa do meu avô Manuel de Sales eu pude ver um céu tão bonito e tão estrelado daqueles, passei um tempão só olhando). Uma dessas barraquinhas era a cozinha de todo mundo, então eles serviram o jantar e depois deram uma demonstração de um pouco da cultura deles, cantando, dançando, convidando a gente pra dançar. Foi uma noite incrível, onde tivemos a chance de conversar com eles e conhecermos muita coisa da cultura desses nativos que tem contato com o deserto. Depois de curtir isso tudo, conversamos um pouco sob a luz das estrelas e com um friozinho acima do que eu esperava, eu fui dormir tranquilamente lá na barraquinha para no outro dia tomar café da manhã, pegar os camelos até a estrada e pegar a estrada até Marrakesh de volta. Tudo isso me deixou MUITO satisfeito e com uma sensação de que eu havia vivido algo muito especial.










Quinto dia e as cachoeiras!

O começo do dia foi muito parecido com o do passeio ao deserto. Todo mundo acordando cedo e correndo pelo hostel para estar pronto às 8 pra, então, poder pegar a van/topic do tio lá. O caminho não era o mesmo, mas também passava pela Cordilheira Atlas, ou melhor, era no meio dela. A paisagem continuava surpreendente, mas dessa vez passamos apenas 1 ou 2 horas viajando.
Quando chegamos podemos conhecer uma vila (não lembro o nome agora) que se margeava a beira do rio, tudo em um vale. Então de lá, um guia “se ofereceu” (entre aspas, porque cobrou 10 dirham de cada um) para nos levar pico à cima. Claro que fomos! Na verdade esse era outro passeio que ninguém sabia bem o que esperar, e que , pra pra ser sincero, ele foi muito surpreendente, não só pelas belezas naturais das cachoeiras, mas pela adrenalina de percorrer uma trilha próxima aos abismos, subindo por pedras escorregadias e coisas do tipo (tudo ocorreu bem e nada nos aconteceu, afinal, tinham vários dos nativos pelo percurso nos orientando e nos dando uma força quando era necessário). Depois de subir, subir e subir podemos ver algumas cachoeiras e até tivemos a chance de entrar em uma, mas eu achei a água muito gelada, daí claro que não entrei, mas como nordestino é o cão e na nossa comitiva tinham outros dois de Alagoas, eles foram, entraram e sobreviveram sem maiores sequelas. Depois disso subimos mais um pouco, vimos  outras paisagens incríveis e descemos, seguindo o percurso até retornar à vila. Acho que foi basicamente isso e eu já me sentia completamente satisfeito.







Conclusão

Acho que escrevi demais (haha). Também não podia ser diferente, acho que uma viagem dessa a um outro continente e a uma outra cultura tão diferente nos dá repertório para escrever um livro inteiro, mesmo com poucos dias de vivência. Acho que falei ainda nesse post que eu sempre tive interesse pela cultura islâmica, sempre achei muito bonita, muito misteriosa e muito rica. Eu jamais imaginaria que as coisas acontecessem na minha vida de tal forma que eu, de repente, pudesse ter vivenciado uma coisa tão grandiosa como imergir dessa maneira em, praticamente, “outro planeta” (se é que me entendem). Eu, na minha vida, procuro sempre agradecer mais do que pedir. Não faço isso porque alguém me disse que era correto, mas porque eu realmente acredito que as coisas acontecem da melhor maneira que poderiam acontecer (por mais que muitas vezes, no momento, pareça que não). Eu mandei esse sermão, basicamente, para compartilhar com vocês o desejo de agradecimentos que muitas vezes veio ao meu coração durante essa viagem e que, até, chegou a me emocionar. Eu usei a palavra "incrível" tantas vezes, porque é realmente a melhor definição dessa experiência, torno a dizer.
Enfim, acabei me aprofundando porque ir ao Marrocos não foi nada menos do que profundo, não foi nada menos do que, também, eu me voltar um pouco para mim mesmo e para meus princípios e aprender mais com tudo que eu vi de tão novo, de tão diferente. Eu espero que ninguém tenha chegado até o fim para ler essa minha viagem. Até a próxima! Devo voltar a falar de algumas coisas do Porto de novo (e vem mais viagem por aí!).

Presente do céu na volta do Saara.

OBS.: desculpem alguns erros de português tais como escrita ou concordância, ainda não tive tempo de revisar.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Um matuto em Barcelona.

VOLTEEEI! Acho que a melhor maneira de dizer que eu estive muito ocupado com projeto, viajando e ajeitando outras burocracias da minha estadia aqui em Portugal é justamente não postando, acho que essa é uma boa desculpa, então estou desculpado? Espero que sim (haha). Vamos lá!
Bem, essa foi minha primeira viagem desde que cheguei em Porto, então devo falar de algumas coisas/dicas extras que não devem estar nos próximos posts, então vou organizar em subtópicos para eu mesmo não me perder e não confundi vocês.

A viagem de Ryanair
Muitas lendas giram em torno dos voos dessas empresas low cost (a mãe dos estudantes Erasmus sedentos por novos horizontes). Para que não sabe, na Europa existem algumas empresas de avião que cobram muito pouco para levar você para muitas partes do continente. A Ryanair é a mais famosa e a mais “pau-de-arara” que nós brasileiros conhecemos. O esquema é basicamente o seguinte: você só pode levar bagagem de mão, ela tem que pesar menos de 10kg e – teoricamente – se a mala não estiver nas dimensões que eles exigem, você é obrigado a despachá-la e pagar uma bagatela de 50 euros por conta disso (vocês imaginam o que as pessoas fazem para a mala entrar nesse “espaço”). Lembrando que o preço das passagens de Porto para Faro/Madrid/Barcelona/Valência giram em torno de 12 euros o trecho (de graça – é mais barato que trem (comboio deles) e do que ônibus (autocarro deles)), para locais mais distantes como Paris, Londres, Roma você encontra trechos de ATÉ 20 euros, dependendo da data, sem muita dificuldade (se compararmos com o Brasil vemos que sai MUITO em conta). Ah, e, aliás, essa conversa de que “conhecer a Europa toda de trem é muito barato” não serve muito para os países ibéricos, talvez sirva para o Leste e para alguns países como Holanda e Bélgica, aqui não é bem assim não.
Feita essa explicação, vou logo dizendo que o meu primeiro voo de Ryanair foi muito tranquilo. Eles não oferecem água, nem bolacha, nem café, a cadeira não dobra e a luz não apaga para você dormir, enquanto eles passam a cada 10 minutos vendendo cartelas de bingo e oferecendo os mais diversos produtos para você consumir. E eu lá morto de feliz indo para Barcelona, pagando apenas 16 euros em um trecho. Quando o avião aterrissa, o piloto manda o som de uma trombeta  e todo mundo bate palma, é uma espécie de ritual onde todo mundo comemora a chegada, algo como “chegamos vivos!”. Eu achei bacana (hahaha).

Hola, Barcelona!
Finalmente a chegada! Aterrissei sozinho, apenas com meu celular descarregado, às 11 horas da noite, em um aeroporto maior do que minha cidade natal Pentecoste, com meu portunhol ruim e entendo pouco o sotaque catalão com a missão de encontrar o meu amigo Pedro no hostel. Apesar de todo drama que fiz na frase passada, eu sou um cara desenrolado e, basicamente, me resolvi da seguinte maneira: fiquei amigo de um casal de nativos que vieram no voo comigo, usei um pouco do meu inglês (que, aliás, eu tenho usado muito nessas terras), eles me deram umas orientações e eu peguei o aerobus que vai do aeroporto à Praça Espanya, uma das mais importantes da cidade, de lá eu peguei um táxi e fui para o hostel, que ficava perto da famosa “Las Rambas” (a rua mais badalada, turisticamente falando, de Barcelona). A micro-localização (vai esse termo mesmo, haha) do hostel era meio tensa, por seu acesso ser por ruas estreitas e com uma vida noturna (e até diurna) meio BEIRA-MAR, se é que me entendem, quero dizer, com prostituição explícita, tráfico mais camuflado e uma violência voltada para furtos, nada de assaltos ou agressividade como no Brasil. Aliás, todo mundo me alertou desde meus amigos portugueses até a moça das informações do aeroporto de Barcelona: “tenha cuidado com os furtos nas Rambas”.

Proximidades do Hostel!

“Vale, vale” Barcelona!
A cidade em si é incrível e o melhor: dá pra conhecer muita coisa a pé. Como estávamos bem localizados foi muito tranquilo. Acho que nos dois primeiros dias andei como se não houvesse cansaço e, se houve, eu realmente só senti quando deitei, pois meus olhos estavam atentos a cada coisa que eu via nos prédios, nas ruas, nas praças, nas árvores, em quase tudo que eu podia ver (arquiteto é um bixo meio abestalhado quando viaja, fica de cara-pra-cima - não liguem se viajarem com um). Enfim, no Centro a gente pode ver a cidade medieval, com várias coisas quase intactas, inclusive a Catedral que data do século XIII e é lindíssima. Do Centro para a orla é um pulo, de lá dá pra ver uma Barcelona mais moderna e mais “badalada”, se caminhares até o fim da orla, chegarás ao Parc de la Ciutadella, o parque das olimpíadas de 1992 (para quem não sabe, Barcelona é um grande exemplo de aproveitamento das obras de infra-estrutura das olimpíadas – aprende, Brasil!). Indo para cima, no sentido do continente, você provavelmente irá esbarras nas obras do Gaudí, 3 delas estão espalhadas nas redondezas do Centro, ou muito próximas dele (A Sagrada Família, a Pedreira e a Casa Batlló – cada uma mais encantadora que outra), se você estiver disposto a pagar entre 15 e 20 euros para entrar e pegar algumas longas filas, vale a pena entrar. Eu acabei não entrando, mas um dia volto e entro (promessa pra mim mesmo). As outras duas coisas que valem a pena e, ambas, você não vai pode chegar a pé são: o Castelo Montjuic que fica do lado oeste da cidade e, de lá, você tem uma vista incrível tanto para o mar, quanto para a cidade. Então, aproveitando que está lá, quando descer a colina, passa no Museu de Arte, que é tem uma arquitetura neoclássica bem colossal e que também tem uma vista privilegiada para a cidade. O outro local mais distante é o Park Güell, outra obra do Gaudí (e, particularmente, a minha favorita). Eu já fui com todas as expectativas para ver esse parque, mas quando cheguei lá, ainda fui surpreendido positivamente, é uma coisa que não dá para explicar. Nós que estudamos arquitetura sempre estamos atentos a tudo que acontece e aconteceu de importante no mundo em relação à nossa profissão, então nós acabamos conhecendo muitas coisas do mundo inteiro, mas estar ali, frente a frente, é realmente algo muito louco/prazeroso/gratificante, vou parar de derretimento por aqui se não começo a chorar (haha). Ah, para não esquecer, eu não tive vontade de ir ao Camp Nou, nem como arquiteto, nem como alguém que gosta de futebol. Os torcedores do Arsenal me entenderão, ou não (haha).



Centro!


Catedral.


Parc de la Ciutadella.


O camarão famoso lá da Orla.


La Pedreira do Gaudí.


La Sagrada Família do Gaudí.




Mayara, Pedro e eu no Parc Güell. <3


Castelo Montjuic.


O show da Lady GaGa
Para encerrar o post (e não a viagem, porque o show aconteceu no segundo dia) vou falar um pouco de ter visto a menos de 100 metros a maior estrela do mundo fonográfico e do show business atual. Bem, eu já tive a chance de ver o Red Hot Chili Peppers no Rock in Rio 2011 e de ver o Chico Buarque ainda nesse ano lá em Fortaleza, ambos os shows me deixaram em êxtase (principalmente o do Chico), pois sou muito fã dos dois, mas  a questão é: eu fui nesses shows, mas não fui no auge desses artistas, sabe? Não vi o Chico no final da década de 70 e não vi o Red Hot Chili Peppers no final da década de 90 e começo dos anos 2000. O que eu quero dizer é que eu vi a Lady GaGa agora, no auge e isso foi uma experiência muito surreal. Isso porque o show é um espetáculo de luz, som, cenário, figurino, animação e tudo que você possa imaginar, tudo isso somado a admiração que tenho por ela como pessoa e como música, pois, ao contrário do que muitos pensam, ela não é um produto da mídia, ela compõem letras, melodias, arranjos, está por dentro da produção de cada disco e sabe o que um acorde, então sabe realmente o que é música e o que eu acho mais valioso: não faz arte à toa, trabalha com coisas pensadas e com muito conteúdo. Depois de ter feito O LITTLE MONSTER, vou encerrar dizendo que: VÁ À BARCELONA.

Something, something about this place...

No próximo episódio vou falar da minha trip ao Marrocos! Não percam! :D